Sempre diz a minha avó: "não quer ficar velho, morre cedo". E sendo simplista como se a gente pudesse escolher, quem gosta da vida um pouquinho escolheria a primeira opção. Independente da nossa escolha, os que não morrerem cedo, vão envelhecer. Todos nós, todos os dias envelhecemos, é um dia a menos, mas tem dias que não fazem tanta diferença: aquele dia da preguiça, aquele que a gente acordou, trabalhou e foi dormir... mas pra quem já tem uma idade maior, cada dia conta. Cada dia que passa eles deixam de fazer alguma coisa que conseguiam fazer ontem. Um almoço pra família, uma limpeza na casa organização dos armários.... pular corda com as netas, cuidar das plantinhas, ir à Igreja... um banho sozinho, uma caminhada... Tudo isso é tirado um pouquinho por dia, todos os dias. Todas essas coisas tiveram suas últimas vezes e nunca mais aconteceram. As pernas enfraqueceram, os braços fragilizaram, a cabeça luta contra o corpo e não aceita perder o poder de fazer tudo o que outrora era rotina. Eu não sei dizer como é estar nessa situação, mas sei como é acompanhar. Sei como é trocar de lado e ao invés de pedir uma comida gostosa, fazer uma. Ao invés de ser consolada, consolar, ao invés de me equilibrar pra aprender a andar, ser ponto de apoio pra quem tem a dificuldade em dar alguns passos (que curioso, meus primeiros passos foram em direção aos braços dela). E não é fácil. Existe uma sensação de impotência que permeia o cuidado, mas também uma força que faz entender quando Madre Teresa disse que não faria por dinheiro nenhum. Esse tipo de cuidado só se faz por amor (mesmo que você acabe recebendo dinheiro por isso). É triste olhar pra trás e ver tudo isso, mas é bom saber que ainda temos tempo, que fazemos tudo o que está nas nossas mãos e nessa hora, a fé grita.
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